A salvação que Jesus Cristo conquistou para nós não pode ser comprada com 10% mensais de seu salário...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

A VOZ PROFÉTICA DE JANIS JOPLIN



Blasfêmia, heresia, anátema... talvez serão algumas das pedras lançadas contra mim, só que quem está sendo julgado não sou eu.
Sou apenas um observador que está na multidão em volta da mulher pega em adultério, e escuto a voz do Senhor que diz:
“Quem não tiver pecados que atire a primeira pedra”.
Confesso que nunca prestei atenção na música e na pessoa que foi Janis, mesmo na adolescência, pois era fã de uma musica mais visceral ou pesada. Mas com o passar do tempo a alma se aquieta, os ouvidos ficam mais seletivos, e os olhos mais contemplativos. Foi quando “descobri” uma de suas músicas, e sua letra me intrigou muito.
O nome da musica é “Mercedes Benz”. Preste atenção na letra:

Mercedes Benz (Janis Joplin)

Oh Senhor, por que você não
Me compra uma Mercedes Benz?
Todos meus amigos dirigem porsches
Eu preciso compensar
Trabalhei duro a vida toda
Sem ajuda dos meus amigos.
Então Senhor, por que você não
Me compra uma Mercedes Benz?

Oh Senhor, por que você não
Me compra uma TV a cores?
Pedindo dinheiro
Está tentando me encontrar
Eu espero pela entrega
Cada dia até as três.
Então Senhor, por que você não
Me compra uma TV a cores?

Senhor, por que você não me compra
Uma noite na cidade?
Eu estou contando com você, Senhor
Por favor não me deixe na mão
Prove que você me ama
E pague a próxima rodada.
Então Senhor,
Por que você não me compra
Uma noite na cidade?

Tentei então decifrar este enigma, e fui “fuçar” um pouco no baú de sua vida.
O dia era 19 de janeiro de 1943, numa manhã de muito frio em Port Arthur, no Texas, EUA. No hospital Saint Mary, apartamento 104, às 09h45, nascia a mulher que iria mudar a história do Blues e do Rock para sempre neste planeta!
Janis Lyn Joplin, filha de Serethy Joplin e Dorothy Lyn Joplin nasceu de uma sólida família de classe média. Ela poderia ter sido apenas um “bicho grilo” em sua cidadezinha onde todos odiavam os beatniks, mesmo sem saber o que eram, ou ter tomado um rumo mais ortodoxo e se formado em Sociologia na Lamar State College of Technology, mas Janis preferiu ser a cantora branca de voz negra que marcou para sempre a história do Blues e do Rock, com um sucesso meteórico que durou cerca de três anos - enquanto viva - e um verdadeiro culto ao seu modo de cantar que já dura mais de três décadas.
Mas o que chama a atenção foi sua criação, em uma cidadezinha do sul dos E.U.A, tradicional e racista. Frequentava e cantava no coro de uma pequena igreja Batista, e tinha que fugir para ouvir os negros cantar Blues no lado mais pobre da cidade. Ou escutar escondida alguns velhos LPs de cantores como Bessie Smith ou Big Mama Thomton.
Pois era inadmissível para um “branco cristão” ouvir musica da ralé, ainda mais em uma região onde a própria “religião” criara a Klu Klux Klan e a W.A.S.P, que é a sigla em inglês de “White, Anglo-Saxon and Protestant”, que significa "Branco, Anglo-Saxão e Protestante". Ou, para outros, “White, American, Southern and Protestant”, ou seja, "Branco, Americano, Sulista e Protestante".
A W.A.S.P. surgiu no início do século XX tendo como base o combate à raça, à nacionalidade (ou regionalidade) e à religião alheia. Inicialmente combatiam os negros e qualquer aspecto relacionado a eles (principalmente a música, jazz e blues, que começava a proliferar em discos e rádios), mas logo voltaram seus ideais contra outros grupos, que do seu ponto de vista não cumpriam os seus critérios: os italianos, pois bebiam demais, o que levou o governo a criar a Lei Seca na década de 20; os irlandeses, por tolerarem os italianos e também pela questão do alcoolismo; e os judeus, por começarem a dominar a estrutura bancária do país através dos empréstimos de dinheiro.
A cultura W.A.S.P. é focada nos chamados valores tradicionais e é fortemente baseada numa religiosidade inflexível e visões ditas "tradicionais" da sociedade em todas as suas vertentes, desde a família e a sexualidade, aos papéis homem/mulher em geral.
Dentro deste ambiente hipócrita foi que surgiu, ou insurgiu Janis Joplin, que logo começou a cantar (ou gritar) seu protesto contra o sistema estabelecido. Ela só não imaginava que o eco de suas canções chegaria tão longe e por tanto tempo.
Até nossos dias. Aquilo que ela observou na igreja no passado, é o mesmo que ocorre hoje.
Orações que só nos ensinam a pedir, nunca a agradecer, um “deus” que só pode nos dar carros, apartamentos, saúde e satisfazer nossa luxúria, um evangelho egoísta e não altruísta.
Um evangelho de guetos e separações, dos “prósperos” e dos miseráveis, dos tradicionais e dos pentecostais, dos emergidos e dos aspergidos, dos predestinados e dos condenados, dos premilenistas e dos amilenistas, dos evangélicos e dos católicos, dos santos e dos pecadores, dos que são da fé e dos que são da razão, do culto dos empresários e dos desempregados.
Um evangelho que ensina que “deus” só age mediante pagamento (dízimos e ofertas). Um “deus” que só ama os puros, tanto de doutrina quanto de dogmas. Um “deus” que só olha para seus filhos quando eles caminham certo, mas nunca quando tropeçam.
Janis escreveu outra canção, preste atenção:

Opere/Trabalhe em Mim, Senhor (Janis Joplin)

Opere/trabalhe em mim, Senhor (com sua graça divina)
Por favor, não me deixe
Me sinto tão inútil aqui embaixo
Sem ninguém pra amar
Embora tenha procurado em todos os lugares
E eu não consigo encontrar alguém pra amar
Pra sentir o meu cuidado (atenção)
Trabalhe em mim, Senhor, use-me
Não sabe o quanto é difícil
Tentar viver totalmente sozinha
Todo dia eu tento ir pra frente
Mas alguma coisa me empurra pra trás
Alguma coisa está tentando me segurar
Então não se esqueça de mim aqui em baixo, Senhor
Ah! não me esqueça, Senhor
Bem, eu não acho que eu seja um tipo de pessoa nem um pouco especial, eu sei bem
Mas eu não acho que você irá encontrar alguém
Que possa dizer que tentou como eu tentei
O pior que você pode dizer de mim
É que eu nunca estou satisfeita.
Ela procurou nos lugares errados como as drogas, o sexo, etc., porque no lugar onde ela deveria ter encontrado, ela não achou.
Pois a igreja sim deve ser um farol, que nos mostra o caminho para ancorar em paz nosso coração, em momentos de tempestades e tribulações.
A igreja sim deve ser uma bússola, para nos mostrar o norte, para que possamos fortalecer nossos pés vacilantes, e prosseguir até a terra prometida.
A igreja sim deve ser o hospital, para acolher e tratar os feridos e mutilados na batalha da vida, e não ser como diz Don Richardson: “a Igreja é o único exército que mata seus feridos”.
A igreja sim deve ser um lar, onde possamos nos momentos de desamparo encontrar uma família que nos ama, apesar de todas as nossas diferenças.
Foi uma pena, pois ela foi apresentada a uma religião, e não ao autor da vida que disse:
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”
Mas, quem sabe ela possa ter encontrado o autor da vida na hora da morte. Pois em uma de suas últimas músicas, Janis Joplin cantou assim:


Estou Indo Para o Rio Jordão (Janis Joplin)

I'm goin' down to the river jordan (Estou indo para o rio Jordão)
I'm goin' down to the river jordan (Estou indo para o rio Jordão)
I'm goin' down to the river jordan (Estou indo para o rio Jordão)
One of these days (Um dia desses)

I'm gonna sit at the welcome table (Vou sentar-me à mesa de boas-vindas)
I'm gonna sit at the welcome table (Vou sentar-me à mesa de boas-vindas)
I'm gonna sit at the welcome table (Vou sentar-me à mesa de boas-vindas)
Gonna sit at the welcome table (Vou sentar-me à mesa de boas-vindas)
One of these days (Um dia desses)

I'm gonna find that blessed salvation (Vou encontrar essa bendita salvação)
I'm gonna find that blessed salvation (Vou encontrar essa bendita salvação)
I'm gonna find that blessed salvation (Vou encontrar essa bendita salvação)
Gonna find that blessed salvation (Vou encontrar essa bendita salvação)
One of these days (Um destes dias)

I'm gonna walk and talk with jesus (Vou andar e falar com Jesus)
I'm gonna walk and talk with jesus (Vou andar e falar com Jesus)
I'm gonna walk and talk with jesus (Vou andar e falar com Jesus)
Gonna walk and talk with jesus (Vou caminhar e falar com Jesus)
One of these days (Um dia desses)

I'm gonna hold hands with my master (Eu vou de mãos dadas com o meu mestre)
I'm gonna hold hands with my master (Eu vou de mãos dadas com o meu mestre)
I'm gonna hold hands with my master (Eu vou de mãos dadas com o meu mestre)
I'm gonna hold hands with my master (Eu vou de mãos dadas com o meu mestre)
One of these days (Um dia desses)

Now I'm goin' down to the river jordan (Agora vou descer o rio Jordão)
I'm goin' down to the river jordan (Vou descer o rio Jordão)
I'm goin' down to the river jordan (Vou descer o rio Jordão)
Goin' down to the river Jordan, Goin’ (Vou descer o rio Jordão, descer)


Ela disse que tinha certeza que Jesus a receberia no lar celestial, com os braços abertos e com um banquete à mesa. Pois era com as prostitutas e pecadores que Ele gostava de se assentar.

Alexandre Barbado

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